Como e Quanto Poupar ?

A primeira coisa que precisa ser entendida é que organização financeira apesar de ser simples, exige disciplina, pois é um processo e como todo processo exige tempo e dedicação. Afirmamos isso, pois para alguns que já seguiam uma determinada “filosofia” financeira, se organizar da forma “correta” (está entre aspas, pois estou querendo levar em consideração que existem várias realidades diferentes), exige mudança de hábitos que muitas das vezes pode exigir sacríficos, pois na grande maioria, você passa a fazer coisas que você precisa e não coisas que você gosta ou quer.

Sendo assim, como poupar? essa é a questão chave.

A primeira coisa que todos deveriam fazer é ter o controle de suas finanças, ou seja, ter na ponta do lápis o que entra de dinheiro e o que sai de dinheiro. Fazer uma tabela no Excel ou em um caderno é importante, pois você precisa ter a noção de quanto você gasta e se gasta, o quanto gasta e com o que e principalmente, como você gasta, se sua renda é ou não é suficiente para manter o seu padrão vida.

Cabe reforçar que é aqui que entra a parte desafiadora da mudança de hábito, pois é muito comum vermos pessoas que gastam mais do que ganham, ou seja, sustentam um padrão de vida que naquele momento não é para ela. Neste caso só há dois caminhos, ou a pessoa passa a ganhar mais, ou ela precisa reduzir o seu padrão de vida e se adequar ao que ganha, não há outra escolha.

Mas como ter este controle? Vamos a um exemplo prático que pode ser usado em qualquer situação:

Renda1000
DespesasValor em R$
Alimentação300
Transporte100
Lazer/ Diversão200
Educação200
Total800
Sobra200

A tabela acima, mostra o que seria um controle financeiro simples, basta anotar todos os seus gastos, os acima são apenas exemplos, a sua tabela pode ter mais ou até menos coisas.

Após separar tudo o que gasta, anote o quanto gasta na outra coluna e some, depois de chegar no resultado total de suas despesas, faça o que você recebe menos o total de despesas. Dessa forma, você encontrará o que sobra para investir.

Mas essa é a melhor maneira? Para alguns sim, outros não vejamos um outro caso mais aprofundado, nele vamos apresentar uma visão mais interessante que a Nathalia Arcuri, educadora financeira, mostrou em seu canal do YouTube.

Trabalhando com o mesmo exemplo, pela visão da educadora teríamos a seguinte tabela

Renda1000
DespesasValor em R$Valor em %
cartão de crédito505%
água/luz10010%
internet505%
investimentos30030%
Total50050%
Sobra50050%
Grau de importânciaCategoriasResultado em R$
40%Alimentação200
30%lazer150
20%transporte100
10%Saúde50
Total500

Vamos lá, vamos entender estás 2 tabelas.

Na primeira tabela você pode ver que todas as suas despesas/ boletos estão anotados, mas se você notar, diferente da primeira tabela, agora temos investimento, como assim?

Bom, essa forma de se organizar financeiramente é interessante, pois aqui o investimento é visto como algo obrigatório, ou seja, assim que você recebe seu salário ou qualquer outra forma de renda, você já tem em mente que uma parte tem que ser investida.

Mas como assim, investimento não é despesa, você pode pensar, mas a ideia é justamente essa, você encarar o investimento como uma espécie de boleto para pagar assim como os outros boletos que você já tem que pagar. Porém, há uma diferença, encarar o investimento é uma tentativa de mudar na cabeça, o seu “mindset”, ou seja, sua forma de pensar, pois neste caso o boleto será pago para você mesmo.

1. Quanto Poupar

Mas quanto separar? bom isso pode variar de pessoa para pessoa, já que existem diferentes rendas, mas em seu conteúdo (Nathalia arcuri), ela assume para ela mesma uma quantidade fixa em porcentagem de 30% de toda sua renda, ou seja, o investimento que agora é um boleto pessoal custa 30% do que você recebe.

Bom, o que podemos concluir da 1 tabela?

Podemos concluir que é uma tabela bem simples que pode ser feita até mesmo em uma folha de papel.

Você vai fazer 3 colunas, a primeira descrevendo todos os seus boletos que você é obrigado a pagar, aquele que você pega o seu salário e já sabe para onde vai. Na segunda coluna você vai colocar o valor de cada um, se for o caso, coloque os centavos também, eles vão fazer diferença na terceira coluna, que é a de porcentagem.

Na terceira coluna você vai colocar o valor percentual de cada despesa em relação a sua renda, ou seja, através desta coluna, você vai descobrir o peso de cada boleto no seu salário e terá a noção o quanto pesa determinada despesa.

Isso é importante, pois se você tem um objetivo de investir 40% da sua renda (pode ser menos também, isso depende da renda e do objetivo), por exemplo, e ver que tem um boleto, como cartão de crédito, que está muito pesado e pode ser reduzido, você diminui as dívidas no cartão e consequentemente vai sobrar mais para poder pagar o boleto pessoal.

O percentual é importante por isso, para você ver o que está muito pesado e ver se é possível reduzir alguma coisa para poder gastar mais em outra.

Mas como calcular esse percentual?

Para que fique bem claro, vou explicar de duas formas, para Excel e para o cálculo feito à mão.

1.1 Cálculo no Excel

Cada retângulo no Excel, é chamado célula. Sendo assim, depois de construir a sua tabela, você vai colocar em uma célula tudo o que você ganhou no mês.

Feito isso, você vai fazer o seguinte, você vai selecionar a célula que está na frente de um boleto digitar o símbolo igual e vai clicar no valor do boleto, depois irá digitar “barra” à / e selecionar o valor de sua renda, ou seja, dividir o boleto pela renda, assim você irá encontrar um número decimal (com virgula), por exemplo 0,3.

Para encontrar o valor em porcentagem, vá para o topo do Excel, no menu, selecione página inicial e descendo um pouco na quinta coluna você irá encontrar o símbolo de porcentagem %, basta clicar e pronto

Na prática ficara assim:

Seleciona a célula à frente do boleto
=célula do boleto/célula da renda =>

= 0,3(por exemplo) => clica em % =>

= 30%

Feito isso para um boleto, agora é só fazer para os demais, até do investimento (boleto pessoal)

1.2 Cálculo Manual

O princípio é o mesmo, pega o valor do boleto, divide pelo total de sua renda e multiplica por 100% (supondo que você está usando uma calculadora) que você irá achar o valor em porcentagem.

Se não tiver uma calculadora, basta fazer vezes 100 e colocar na frente do resultado o símbolo de % (porcentagem) que será a mesma coisa.

Agora vamos entender a segunda parte.

 Na segunda tabela, você precisa de 3 colunas e não há problema algum em fazer essa tabela em um papel, desde que o princípio seja o mesmo.

A ideia desta segunda tabela, é entender o que você vai fazer com o dinheiro que sobrou após você pagar seus boletos (inclusive o pessoal). Por isso o grau de importância, pois você irá destinar mais dinheiro para aquilo que você mais gosta de fazer.

Justamente pelo fato de existir muitas coisas que gostamos de fazer, esta tabela tem o intuito de deixar a situação mais racional e organizada, por isso os graus de importância.

Nathalia Arcuri nos ensinou a trabalhar com 40%, 30, 20% e 10%, mas essas porcentagens podem ser alteradas à sua maneira, pois as vezes uma ou mais coisas, para nós, podem ser igualmente importantes, mas um aviso, seja consciente e não faça por exemplo uma divisão que deixe pouco dinheiro para as coisas. Não deixe percentuais nem muito baixos e nem muito altos, pois isso não será saudável para você e seu psicológico, afinal o dinheiro é limitado, ou seja, finito, não dá para fazer tudo, claro que isso depende da renda, as vezes 5% podem significar para alguém R$1000,00. Mas o mais importante é que você gaste seu dinehiro com sabedoria.

Mas trabalhando com essas porcentagens (40%, 30, 20% e 10%) como exemplo, na primeira coluna você irá colocar os graus de importância, na segunda as categorias das coisas que você precisa/gosta de fazer, como lazer, alimentação e etc, feito isso, partimos para a terceira coluna que é onde você irá descobrir o quanto você vai gastar com cada coisa.

Na terceira coluna encontraremos os valores em R$ (reais) e o cálculo é bem simples e ensinarei de duas formas novamente. De forma manual e pelo Excel:

1.3 Cálculo no Excel Tabela parte 2

Selecione a célula em frente a categoria desejada e digite o símbolo “igual” = depois selecione a célula da porcentagem, depois digite asterisco “*” que no Excel indica multiplicação, após este processo selecione o valor que sobrou. O resultado será o valor disponível para gastar com determinada categoria

Na prática ficaria:

30% * R$500,00 = R$150,00

1.4 Cálculo Manual Tabela parte 2

Primeiro você precisa transformar os valores que estão em porcentagem para decimal, ou seja, fazer 30% virar 0,3, mas como?

É bem simples, basta pegar os 30% e dividir por 100, assim: 30/100 = 0,3, e aplicar isso aos outros valores como 40%, 20%, 10% (não se esqueça de remover o sinal %)

Feito isso, agora você multiplica o valor encontrado, no caso 0,3 pela sua renda que sobrou, no caso, R$500,00 que irá encontrar os mesmos R$150,00.

Encontrado os valores disponíveis para fazer o que você gostaria e precisa, você consegue se organizar e aprende a viver com menos do que você ganha e ainda sim poupa de forma inteligente, sem contar que esse dinheiro poupado, sendo aplicado em algum ativo financeiro, pode ficar anda maior, mas vamos devagar par que tudo fique bem claro.

Em continuação, pode ser percebido muitas vantagens em adotar esse tipo de organização, entre elas temos:

A possibilidade de colocar metas de economia,

Identificar o que ter maior peso em sua renda

Identificar o que está como supérfluo (desnecessário) na sua vida

Acrescentar outros boletos pessoais como, economia para comprar um carro, uma casa, um casamento

Disciplina

Para finalizar, vamos ao nosso último passo que apesar de simples, precisa ficar bem esclarecido.

Já ouviu falar em “lifelong learning”?

Este termo vem sendo cada vez mais usado por aqueles que incentivam uma educação continuada, digamos assim.

Mas como assim?

Podemos entender literalmente que ele se refere a você continuar estudando, se mantendo atualizado mesmo saindo seja da escola, faculdade, universidade, curso, o que for.

Mas por que isso?

Bom, há diversos motivos para se manter atualizado, mas o principal é porque dinheiro é o que move o mundo e o mundo está sempre se atualizando e as oportunidades no mercado financeiro também atualizam, os ciclos de mercado também mudam, por isso é de extrema importância você se manter atualizado. Vamos desenvolver mais sobre este assunto a seguir em “Renda Extra”

Mas se tratando da nossa organização financeira, esse conceito é importante para entendermos a diferença entre a educação, vamos chamar de tradicional, e a educação de lifelong learning.

Quando estamos montando nossa tabela organizacional, precisamos esclarecer onde cada educação entrará.

A educação tradicional entrará em suas despesas essenciais ou obrigatórias já a educação de lifelong learning entrará na tabela da renda que sobrou, pois, uma parte daquele dinheiro deve com toda certeza ir para esse tipo de conhecimento, pois como disse o mercado financeiro muda, a economia varia constantemente e as oportunidades também, seja para renda fixa seja para renda variável.

Mas quanto separar e o que tipo de coisa séria lifelong learning?

Bom, como já disse a quantidade pode variar para cada um por conta do salário, mas tendo em mente um salário de R$1000,00, o interessante seria pelo menos 5%, que totalizaria em R$20,00 que já possibilita a compra de livros, cursos em plataformas digitais, acesso a artigos científicos, sem contar que há conteúdo gratuito de qualidade disponível.

Mas como isso ficaria na tabela?

Vejamos:

Renda1000
DespesasValor em R$Valor em %
Educação Tradicional10010%
água/luz10010%
internet10010%
investimentos20020%
Total50050%
Sobra50050%
Grau de importânciaCategoriasResultado em R$
40%Alimentação200
30%lazer150
20%transporte100
5%Saúde25
5%Educação LL25
Total500

Com a tabela acima podemos ver, como a educação tradicional e a educação Lifelong Learning (educação LL) entraria na tabela, (claro que os valores e categorias, são apenas exemplos que apesar de aleatórios facilitam o entendimento).

Concluímos que a educação tradicional entra como um boleto obrigatório na primeira tabela e educação LL entra como algo que fica por sua responsabilidade, ou seja, você escolhe se irá ou não continuar investindo na sua educação, mas preciso te avisar que quando se trata de mercado financeiro a ausência de conhecimento leva a perca de dinheiro, traduzindo: O maior erro é escolher não entender cada vez mais sobre o assunto, se desenvolver cada vez mais no tema, pois as oportunidades podem ser perdidas se você não souber o que está acontecendo e mesmo que ainda saiba o que está acontecendo por conta de jornal, rádio ou um amigo(a) que te disse, será que irá saber como se comportar e aproveitar alguma oportunidade gerada naquela situação?

Por fim, podemos com tudo isso, entender como conseguimos nos organizar financeiramente manter nossa vida e ainda sim pensando numa vida futura ou até mesmo se organizar para alcançar algum objetivo. O desafio está em corrigir os maus hábitos e se adaptar à vida que seu salário permite você ter, mas é aí que entra uma questão importante, como vou me organizar sendo que o que eu recebo não é o suficiente para eu me manter?

Este é um desafio enfrentado por muitas pessoas. Muitos são aqueles que recebem muito abaixo do mínimo para se manter, as vezes chegam ao final do mês e nem o aluguel conseguiram pagar. Sendo assim como lidar com esta situação? A reposta mais simples que poderia ser dada é, Renda extra, ou seja, você buscar uma forma diferente de ganhar dinheiro que não atrapalhe o seu emprego principal, mas que no final do mês permita você ter um pouco a mais de dinheiro.

Porém apesar de esta resposta ser simples, há um conceito muito importante que pode te ajudar a entender o porquê de você cultivar o conhecimento de lifelong learning, além disso, a entender principalmente o porquê você deve buscar empregos melhores que pagam mais, não por uma simples questão óbvia que é ganhar mais, mas sim porque quanto mais você ganha, mais você valoriza o seu próprio tempo.

Sendo assim, o conceito que precisamos entender é o valor do seu tempo para depois entendermos com mais facilidade o motivo principal da renda extra e empregos melhores.

Regra Bônus para Poupar

Sabemos que nossas emoções influenciam muito em nossos, gastos, principalmente quando estamos com raiva ou tristes. Descontamos esses sentimentos com gastos descontrolados sejam eles pequenos (microgastos) ou grandes ( macrogastos). O ideal para lidar com o dinheiro é tratá-lo com racionalidade, mas não é sempre que conseguimos, principalmente quando vemos alguma promoção de algo que sabemos que não precisamos, mas queremos, pois aparentemente é um ótimo negócio ou ótima oportunidade, mas na verdade não é. Acontece que esse dinheiro que você gastou agora irá faltar lá na frente para algo de real valor, seja um boleto, um momento em família ou qualquer outra coisa que seja de fato importante.

Não se deve usar o coração para lidar com o dinheiro, as emoções são enganosas e para lutar contra isso podemos fazer o uso de uma regra que pode te ajudar a ser mais disciplinado com seu dinheiro. Essa regra é a QP2A  ( Quero algo : sim ou não ; Preciso: sim ou não ; Agora: sim ou não ; Posso : sim ou não ; Está caro: sim ou não.

Quando formos gastar com alguma coisa, devemos nos fazer esses questionamentos para descobrir se é lógico ou não gastar, se estamos comprando por impulso ou se realmente queremos ou precisamos gastar.

You cannot copy content of this page