Certificado de Recebíveis do Agronegócio

Assim como os CDBs, DPGEs, títulos do Tesouro Direto, a CRA também é uma forma de captação de recurso para financiamento de atividades.

1. O que é CRA ?

A CRA sigla para Certificado de Recebíveis do Agronegócio é mais uma opção de título de Renda Fixa muito parecida com o CRI, que são emitidos exclusivamente por companhias securitizadoras, em que investidores, como você, podem emprestar dinheiro por um determinado tempo em troca de uma taxa de juros. Assim como nos demais investimentos de renda fixa, onde você está fazendo um empréstimo para a instituição financiar seus custos.

Mas oque é uma compahia securitizada ?

São instituições não financeiras que transformaram créditos a receber em papéis que podem ser negociados e comprados por investidores.

Desta forma, CRA são títulos de renda fixa que têm a função de representar a promessa de um pagamento futuro em dinheiro, ou seja, é uma forma de o emissor do título ter maior liquidez, termo que significa maior facilidade de resgatar dinheiro, em um tempo mais curto.

Quem investe em CRA está ajudando a financiar especificamente o agronegócio antecipando créditos ao setor. Sendo assim, como os demais investimentos, após ter comprado o título e ter respeitado o período combinado, o investidor recebe seu dinheiro de volta acrescido dos juros.

2. Como funciona o CRA ?

Para que você entenda como o CRA funciona, vamos para um exemplo prático:

Imagine uma situação onde o setor agropecuário está a todo vapor, a economia está muito favorável para a Distribuição de produtos do agronegócio, ou pode ser que seja necessário a compra e manutenção de maquinário e ou, a produção e operação agrícolas precisam ser expandidas.

Sendo assim, uma empresa do setor agropecuário precisa  levantar capital para investir em maquinários, industrializar seus produtos ou até mesmo aumentar sua comercialização, tendo em vista que o setor está em alta.

Desta forma, para seguir com as operações, essa empresa precisa de dinheiro “rápido”, então ela vai atrás de uma companhia securitizadora, que adiantar o valor como um empréstimo para ela.

Vamos a um exemplo prático para facilitar:

Vamos imaginar um empresa do setor produtora de soja duplicar sua produção, porém para isso, ela precisa de R$ 15milhões para financiar esta operação.

Como essa empresa não tem esse dinheiro em caixa (guardado e disponível). Ela pode optar por um empréstimo bancário. Porém, os custos são elevados. Sendo assim a empresa busca uma alternativa mais barata que é a emissão de um CRA.

Dessa forma, ela vai até uma securitizadora, que por sua vez exige uma garantia de que esses R$ 15milhões serão pagos e corrigidos no futuro, o lastro.

A securitizadora, após os cálculos, define que o CRA terá juros de 4% + CDI ao ano com vencimento em 10 anos.

Desta forma, a empresa consegue os R$ 15milhões à vista, e o seu título de dívida é ofertado no mercado pela securitizadora.

Após a disponibilização do título um investidor decide investir no CRA. Isso significa que ele fez um empréstimo do próprio dinheiro para o custeio da operação da empresa.

Em troca, haverá o recebimento de um rendimento de 4% + CDI ao ano.

Se for o caso de a empresa não honrar com o pagamento das parcelas corrigidas ao investidor do CRA, a garantia poderá ser executada, ou seja, o investidor ficará com os hectares de terra.

3. Tipos de estrutura de CRA

Existem duas estruturas principais relacionadas ao risco de uma operação de CRA. São elas:

Ao falarmos sobre CRAs, temos que levar em consideração que existem dois tipos principais de estruturas dos títulos:

  • Pulverizado: título atrelado a vários devedores (ou mutuários, geralmente de 2 a 100) e com risco de crédito menor (pulverizado entre diversos devedores). Normalmente, o limite máximo para cada devedor dentro da operação é de 3%. Sendo assim, nenhum agricultor pode dever mais do que 3% do valor da emissão. No momento de estruturar este CRA, muitos podem ser os fatores de risco: aumento de devedores de uma safra para outra, condições de apólices de seguros, garantia dadas pelos devedores etc.
  • Corporativo: o CRA está atrelado a uma única empresa devedora ou uma grande produtora. Desta forma, um único devedor que utilizou da emissão para financiar a sua operação, comprar ou fazer manutenção de maquinários, por exemplo. Em adição a isso, hora de estruturar este CRA, muitos podem ser os fatores de risco: região que o produtor atua, as ameaças climáticas do local, formalização da terra, análise de balanço, perspectiva do setor etc.

3. Rentabilidade

Em relação a rentabilidade da CRA. Ela segue o padrão clássico de oferta. Ela pode ser ofertada de três maneira distintas: prefixado, pós-fixado e híbrido. 

  • Prefixado: Quando a taxa de juros é estabelecida pela instituição financeira no momento inicial da aplicação. O investidor pode calcular exatamente quanto vai receber no dia do resgate, de acordo com o valor aplicado. Exemplo de rendimento: 4,3% ao ano. 
  • Pós-Fixado: Quando a taxa de juros está atrelada a um benchmark, ou seja, uma taxa de referência do mercado. Alguns dos benchmarks mais comuns são a taxa básica de juros, a SELIC (ou o CDI que são muito próximos). Exemplo de rendimento: 115% do CDI. 
  • Híbrido: Quando a taxa de juros combina uma porcentagem fixa e um adicional atrelado a algum benchmark. Neste caso, o benchmark mais comum é o IPCA, o principal indicador de inflação do país. Exemplo de rendimento: 2,5% + IPCA (inflação). 

4. Tributação do CRA

Apesar de o CRA ser isento de Imposto de Renda (IR) e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas após 30 dias, é necessário informar saldos e rendimentos à Receita Federal, por meio da declaração anual de IR.

Como o mercado imobiliário é importante para a infraestrutura do país, os lucros desse ativo foram isentados de Imposto de Renda. Ou seja, no momento da compra do ativo no site de uma corretora, o valor apresentado para cada título já é o valor líquido. Porém, é preciso ficar atento: algumas corretoras que operam Certificados de Recebíveis Imobiliários cobram taxas sobre a negociação dos títulos. 

Já no caso de compras de CRA feitas por pessoa jurídica, os rendimentos tem taxação de Imposto de Renda de acordo com a seguinte tabela regressiva:

Até 6 meses 22,5% de imposto sobre o lucro 
De 6 meses a 1 ano 20% de imposto sobre o lucro 
De 1 a 2 anos  17,5% de imposto sobre o lucro 
Mais que 2 anos 15% de imposto sobre o lucro 

5. Vantagens & Desvantagens

  • Liquidez

O CRA, assim como os CRIs, são considerados papéis de investimento a longo prazo e de baixa liquidez, pois os prazos dos títulos normalmente variam de 4 a 15 anos, tendo prazos as vezes maiores.

Pelo fato de você estar financiando uma atividade longo prazo, não há como ter resgate antecipado, tendo liquidez apenas no vencimento.

Caso o investidor precise reaver seu dinheiro antes do vencimento do ativo, não terá a rentabilidade prometida no momento da compra, e precisará vender o título para outro investidor interessado.

  • Garantia/Risco

Não possui garantia do FGC. O lastro de suas operações são os negócios voltados ao campo.

Vale dizer que a companhia securitizadora é responsável pela análise de risco de cada contrato. Portanto, cabe ao investidor sempre ler o prospecto da emissão antes de investir. 

O prospecto é um documento que reúne todas as informações sobre a oferta, como remuneração, prazos e outros detalhes.

  • Aplicação mínima

Os CRAs podem ser adquiridos diretamente do emissor por meio de ofertas públicas ou comprados de outros investidores no mercado secundário. Não existe uma regra de valor mínimo para investimento em CRAs, mas essa classe de ativos costuma ter um valor mais elevado.

Algumas emissões podem ser restritas a investidores qualificados e de maior poder aquisitivo, mas já existem emissões de CRA abertas ao público em geral e com valores de investimento inicial acessíveis à pessoa física, a partir de R$ 1000, mas podem chegar até valores como R$20mil, por exemplo.

  • Taxa de custódia

Geralmente, os custos para investir em CRA, geralmente, envolvem a taxa de administração por parte da corretora podendo. No entanto, algumas delas não cobram esse valor.

De toda forma, pesquise bem e analise os prós e contras antes de abrir sua conta em uma instituição financeira e investir em títulos como este.

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