Como Abrir uma Conta em uma Corretora de Valores

Apesar de não ser uma prática simples, a diversificação é fundamental para neutralizar o retorno negativo de alguns ativos. Afinal, as perdas podem ocorrer por motivos diversos e evitar que aconteçam é o que permitirá retornos consistentes no longo prazo. 

Enquanto o risco sistêmico (que não pode ser eliminado) reflete questões que afetam a economia como um todo – a pandemia é um grande exemplo disso –, o risco não sistêmico diz respeito às adversidades que afetam apenas um setor ou empresa. Por isso, ele também é chamado de diversificável, já que é possível mitigá-lo ou até mesmo eliminá-lo.

Dada a imprevisibilidade do mercado financeiro, é importante contar com a performance positiva em alguns investimentos, enquanto outros não vão muito bem, para equilibrar o desempenho de sua carteira. 

Nesse sentido, a técnica de diversificação confere ao investidor maior proteção, principalmente contra riscos não sistêmicos

Se você tem investimentos diferentes na carteira, já é possível perceber um cuidado em não se expor a apenas um tipo de risco. Entretanto, essa estratégia pode não significar uma diversificação eficiente.

Em muitos casos, o que as pessoas fazem é pulverizar os investimentos. Isto é, tomar decisões diferentes e distribuir o dinheiro. Mas, na prática, os riscos dos ativos escolhidos são muito semelhantes.

Assim, um problema maior afetaria bastante a carteira. Por exemplo, imagine um investidor conservador que tem diversos títulos de renda fixa. Mesmo sendo de instituições diferentes e com prazos variados, uma baixa da Selic provavelmente afeta o portfólio como um todo.

Isso porque, embora sejam diferentes, os ativos têm correlação positiva. Ou seja, eles fazem movimentos na mesma direção: se o preço de um sobe, os outros também sobem. Logo, uma carteira diversificada precisa ter ativos descorrelacionados.

Por que diversificar?

A diversificação, no contexto de investimentos, é a técnica de alocar seu dinheiro em vários ativos diferentes com o objetivo de reduzir o risco de perdas financeiras. Ativos diferentes estão sujeitos a riscos diferentes e, portanto, no advento de situações que impactem negativamente um ativo, os efeitos sobre a carteira como um todo, tendem a ser minimizados.

A necessidade de diversificar vem da impossibilidade de antecipar com precisão eventos futuros, sejam eles positivos ou negativos. Em outras palavras, a importância de diversificar vem da incerteza acerca de qual investimento gerará, no futuro, o melhor retorno. Não é possível, por exemplo, responder à pergunta: “Qual ação trará a melhor rentabilidade nos próximos 5 anos?” ou “Quando ocorrerá a próxima crise mundial?” Se fosse possível fazer isso, a diversificação seria totalmente desnecessária.

A diversificação pode melhorar significativamente a gestão de risco de uma carteira de investimentos ao alocar os recursos em ativos pouco correlacionados de forma que o desempenho ruim de alguns ativos, num determinado período, seja compensado pelo bom retorno dos outros. Sendo assim, para fazer uma boa diversificação não basta apenas aumentar a quantidade de ativos, é necessário escolher corretamente. Uma boa diversificação deve ser aquela que reduz o risco sem prejudicar o retorno. Por exemplo, uma carteira composta por ações de qualidade apresenta um risco muito menor do que uma carteira com ações especulativas. Dessa forma, acrescentar ações de qualidade numa carteira reduz melhor o risco do que meramente aumentar o número de ativos sem qualquer critério. Outro aspecto importante da diversificação, geralmente pouco observado, é que ela aumenta a probabilidade de investimento nos melhores ativos, aqueles de desempenho surpreendente. Por exemplo, uma carteira com as 20 melhores ações da bolsa, segundo determinados critérios, possui mais chances de conter as ações que darão os maiores retornos do que uma carteira composta por apenas 5 dessas ações. Por exemplo, as ações MGLU3LCAM3 e TRIS3 apresentaram rentabilidades acumuladas entre mil e 10 mil por cento nos últimos 5 anos. Fazendo uma análise meramente probabilística (análise combinatória), o investidor que montou uma carteira de 20 ações com base no ranking ivalor teve 114 vezes mais chance de possuir essas 3 ações na carteira do que o investidor que montou uma carteira com apenas 5 ações baseada no mesmo ranking.

A insensatez dos concentradores

As vantagens da diversificação são tão óbvias que nenhum investidor experiente ou gestor profissional ousaria negligenciá-la. No entanto, algumas pessoas, por ignorância ou teimosia ainda acreditam que diversificar não é uma boa ideia. Eu chamo esses “investidores” de concentradores. São dois os principais tipos de concentradores: os inativos e os convencidos.

Os concentradores inativos são aqueles que acham a gestão de uma carteira com 20 ou 30 ativos muito trabalhosa ou acreditam que não são capazes, não possuem tempo, conhecimento nem disposição suficientes para essa empreitada. Talvez não saibam que as ferramentas disponíveis atualmente para investidores nunca foram tão boas. Veja, por exemplo, a nossa ferramenta de gestão de carteira de ações. Além disso, a quantidade de informações, tutoriais, vídeos, etc. nunca foi tão abundante. É certo que, cuidar bem do dinheiro exige um pouco mais de trabalho do que comprar um título do tesouro ou um fundo de investimento. Entretanto, nem de longe, esse trabalho é árduo a ponto de não valer a pena. Muito pelo contrário, ninguém está interessado em cuidar do seu dinheiro melhor do que você mesmo. Um pouco de interesse e disciplina pode gerar uma montanha de dinheiro no longo prazo, tanto pelo ganho de rentabilidade ao investir melhor, quanto pela economia de taxas de administração e performance ao deixar de entregar o seu dinheiro ao cuidado de terceiros.

Os concentradores convencidos, por sua vez, são aqueles que acreditam “saber” quais ativos irão desempenhar melhor e, portanto, não admitem alocar dinheiro em alternativas “menos rentáveis”. Para eles comprar mais do que 2 ou 3 ações é “pulverizar” a carteira. Esses advogados da concentração costumam citar um dito do Warren Buffet: “A diversificação é uma proteção contra a ignorância. Faz pouquíssimo sentido para quem sabe o que está fazendo.” No entanto, essas pessoas costumam se apegar apenas à segunda frase, esquecendo-se da primeira. O próprio Buffet não é arrogante a esse ponto. Sua empresa, a Berkshire Hathaway, possui ações de cerca de 120 empresas (veja a lista na Wikipedia).

O destino do concentrador convencido pode ser maravilhoso (se acertar a próxima Magazine Luíza) ou terrível (se der de cara com a próxima OI S.A.). É difícil acreditar que alguém poderia concentrar sua carteira com ações da OI S.A. Mas, infelizmente, não há limites para o que as pessoas podem fazer. Recentemente, vi um comentário de um “investidor” no Instagram: “Estou comprando OIBR4como se não houvesse amanhã. Li o plano de reestruturação dela e tenho certeza que a recuperação é certa.”

O importante é entender que o principal objetivo da diversificação é reduzir o risco de perder dinheiro. E não perder dinheiro é mais importante do que ganhá-lo, principalmente, depois que você já tem muito.

A diversificação é importante, mas não faz mágica

Existem dois tipos principais de risco: o risco específico dos ativos (não sistêmico) e o risco sistêmico ou sistemático.

O risco dos ativos está associado unicamente àqueles investimentos específicos. Por exemplo, o risco de calote das debêntures de uma determinada empresa pode não possuir qualquer relação com o risco de uma redução de lucros, seguida da queda do preço das ações de uma outra empresa. Ou ainda, duas empresas de um mesmo setor do mercado podem apresentar desempenhos completamente opostos pelo fato de uma ser muito melhor administrada e eficiente do que a outra.

O risco sistêmico, por sua vez, ainda que em intensidades diferentes, tende a afetar toda a economia e prejudicar o desempenho de praticamente todas as classes de ativos. Por exemplo, a crise de 2008, desencadeada pela quebra do banco Lehman Brothers, derrubou as bolsas de valores de todo o mundo e forçou os governos de vários países a fazer planos de socorro às suas economias, gastando bilhões de dólares no processo. Semelhantemente, a atual crise do Coronavírus está obrigando o mundo inteiro a um isolamento sem precedentes, afetando a economia mundial de forma que ainda não é possível prever o tamanho do estrago. Uma diversificação minimamente razoável costuma ser suficiente para mitigar satisfatoriamente o risco dos ativos. No entanto, não é possível se proteger do risco sistêmico. Mesmo com uma diversificação mais elaborada que se utilize de várias classes de ativos como ouro, imóveis, títulos de renda fixa, renda variável, distribuídos tanto no brasil quanto no exterior, não é possível eliminar o risco sistemático. De qualquer modo, à medida que o patrimônio do investidor cresce, é interessante diversificar da melhor forma possível e entender os tipos de riscos aos quais o seu patrimônio está exposto.


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